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sexta-feira, 24 de junho de 2011

A energia limpa dá lucro - Entrevista com Bill Clinton

O ex-presidente americano que se reinventou como personalidade global acredita que o casamento da racionalidade econômica com a sustentabilidade vai salvar o planeta.
Mais forte candidato ao posto de melhor ex-presidente vivo dos Estados Unidos, Bill Clinton, de 64 anos, descobriu-se, em muitos aspectos, mais realizado agora do que quando ocupou a Casa Branca, de 1993 a 2001. Em uma reflexão amarga ainda no cargo, Clinton disse que ser presidente dos Estados Unidos era, muitas vezes, tão frustrante quanto dar ordens em um cemitério, "pois ninguém abaixo parecia escutar" o que ele estava dizendo. Ele hoje viaja o mundo supervisionando as iniciativas da Clinton Foundation, que vão da prevenção da malária, da Aids e da obesidade infantil à melhoria das condições ambientais das quarenta mais populosas metrópoles do planeta, com foco em energia limpa e na transformação dos lixões urbanos em avançados centros de reaproveitamento de energia. Clinton deu entrevista a VEJA há poucos dias, na suíte presidencial do hotel Sheraton, em São Paulo.
Seis anos depois de lançar-se nessa atividade, o senhor coleciona mais triunfos ou frustrações?
Nós, comprovadamente, melhoramos a vida de mais de 200 milhões de pessoas necessitadas no planeta. A cada ano, juntam-se a nós milhares de pessoas dispostas a nos ajudar a ajudar a quem precisa. Essas pessoas se comprometeram no total com 63 bilhões de dólares que financiam nossas inúmeras atividades.
Elas são pródigas com o senhor por acreditarem que o dinheiro será bem gasto?
Primeiro, porque elas têm a perfeita consciência de que não estão doando dinheiro para ganhar o direito de se sentar com alguns figurões e, assim, sentir-se importantes. Elas sabem que o dinheiro delas será usado para fazer coisas que efetivamente mudarão para melhor a vida dos indivíduos e a saúde global do planeta. Conosco, há pouco discurso e muita ação. Nós fazemos. Se der errado, tentamos novamente.
Qual é o seu papel na operação?
Contribuí com a ideia inicial em 2005 e, desde então, venho ajudando a definir as regras e montar a rede mundial de colaboradores. É assim que funcionamos. Dizemos: as regras são essas, agora façam vocês alguma coisa com impacto direto na vida de quem precisa de ajuda no mundo.
Quando o senhor lançou a Clinton Initiative, em 2005, já não existiam organizações não governamentais (ONGs) demais?
Esse foi um dos fatores que mais me animaram. Existiam então cerca de 500000
ONGs no mundo. Havia muita gente fazendo trabalhos sem uma coordenação, muitas vezes sem foco e algumas com pouca transparência. Minha idéia foi juntar filantropos, governos, empresas, líderes políticos mundiais de quem fiquei amigo no governo, caso do seu ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e montar uma estrutura com menos palavrório, mais ação e comprometimento. O segundo fator foi o fato de que nos Estados Unidos e em outras partes do mundo havia um número enorme de gente muito rica disposta a doar dinheiro para as boas causas, mas que temia estar desperdiçando sua fortuna. Então decidi que, se montasse uma organização mundial transparente e eficiente, essas pessoas se sentiriam mais seguras e ajudariam mais. É o que tem ocorrido.
De modo geral, as ONGs gastam melhor o dinheiro do que os governos?
Os governos podem ser tão eficientes quanto as ONGs, mas é preciso que se movam dentro de bitolas éticas muito rígidas

De fora, qual é a imagem ambiental do Brasil?
Vocês são vistos de duas maneiras. A boa mostra um país ambiental-mente exemplar, que diminuiu o ritmo do desmatamento, tem 90% da frota de automóveis que pode ser movida a combustível biológico e quase toda a sua eletricidade gerada de maneira limpa por turbinas movidas à queda-d’água. A ruim revela um Brasil que usa pessimamente seu potencial de geração de energia solar, que, se aproveitado na sua plenitude, evitaria todas as pressões sobre a Amazônia que hoje preocupam o mundo, como o avanço das plantações sobre a mata nativa e as controversas novas hidrelétricas em terras indígenas.
O mundo tem o direito de cobrar bom comportamento ambiental do Brasil?
Eu não tenho o direito de pedir ao Brasil que diminua seu ritmo de crescimento enquanto houver um único brasileiro na miséria que possa ser guindado à classe média pelo progresso econômico. Mas o Brasil atingiu uma nova posição relativa no mundo à qual o país precisa corresponder, assumindo também as responsabilidades decorrentes do novo status quo. Entre essas responsabilidades, está a de fazer as escolhas energéticas mais compatíveis com a sustentabilidade planetária.

Um comentário:

  1. Não entendo... nem quero entender porque raio se dá ouvidos a este tipo de indivíduos que só sabem falar e mandar papos quando deixam de ter poder... Quando têm o poder para alterar o rumo das sociedades NADA FAZEM... quando deixam de ter o poder vêm-se armar em bons samaritanos e defensores dos Ecossistemas... é preciso ter uma lata descomunal... Pior é que estes "jornalistas" de meia-tijela o que querem é estas palhaçadas... quem sabe se não é apenas para irem a suites em hotéis 5 estrelas... pois se calhar de outra forma nunca lá metiam as patas fétidas...

    A hipocrisia e a falta de carácter de tipos como este e seus pares é que minam as sociedades...

    Este é um (entre muitos) dos motivos pelo qual a nossa presença neste Planeta tem os dias contados, principalmente a esta escala.

    Mas o título desta mensagem diz tudo: " A Energia Limpa dá lucro..." que é no fim de contas o mais importante... DAR LUCRO... tudo é resto é acessório!

    Afinal de contas os nossos suportes básicos de vida são as moedas e as notas, as acções, os títulos, etc... Ar "Puro", Água Potável, Alimentos Sãos... bah que nojo!

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